Os sistemas gravel explicados
Qual é o sistema gravel indicado para ti? Descobre com o nosso guia para as opções SRAM, Shimano e Campagnolo.
As bicicletas de gravel são bicicletas versáteis que estão preparadas para tudo o que lhes ponhas pela frente. Desde circular na cidade até aventuras de uma semana na natureza, uma bicicleta de gravel pode ser perfeita para ti.
Um dos componentes vitais numa bicicleta é o seu sistema específico para gravel. A unidade de tração e todas as peças relacionadas com esta são uma parte essencial da experiência de condução. Cada ciclista tem a sua preferência, mas existem algumas diferenças, vantagens e desvantagens importantes entre cada opção. Analisamos aqui os três sistemas mais comuns.
O que é um sistema?
O sistema de uma bicicleta é composto pelas seguintes partes:
- Manetes de travão e mudanças (muitas vezes integradas em conjunto numa bicicleta de gravel com drop-bar)
- Pinças de travão dianteiras e traseiras
- Desviadores dianteiros e traseiros
- Conjunto pedaleiro constituído por prato(s) e cranks do pedaleiro
- Movimento pedaleiro
- Corrente
- Cassete (composta por 10, 11, 12 ou 13 coroas referidas como velocidades)
Podes comprar sistemas separadamente se estiveres a montar um conjunto de quadro a partir do zero, mas muitas vezes é mais económico e fácil escolheres o teu sistema quando compras a tua bicicleta.
Os sistemas fazem diferença?
A escolha do sistema geralmente depende da preferência pessoal e experiência prévia. Cada fabricante tem uma configuração diferente no que concerne aos seus sistemas de gravel. Mesmo dentro da oferta de cada fabricante, existem variações como a relação de transmissão e versões eletrónicas.
Alguns sistemas utilizam apenas um prato (por vezes designado por “1x”) à frente, o que significa que terás 11, 12 ou 13 mudanças. Se tiveres dois pratos (designados por “2x”), terás 22 ou 24 mudanças, uma vez que 13 velocidades só estão atualmente disponíveis para 1x. Os sistemas 1x têm cassetes de grande amplitude para compensar a inexistência de um segundo prato. Os sistemas 2x têm cassetes mais estreitas nas quais os saltos entre as coroas são mais curtos.
Se andas de bicicleta em terrenos predominantemente planos, vais precisar de menos mudanças “fáceis” em comparação com alguém que costume conduzir em montanhas técnicas íngremes.
Um desviador de embraiagem é parte integrante em todos os sistemas de gravel da Shimano, SRAM e Campagnolo. Um desviador de embraiagem mantém a corrente sempre engatada no conjunto pedaleiro. Podes contar com menos tempo fora da bicicleta a recolocar a corrente nas coroas e mais tempo nos trilhos poeirentos que tens pela frente.
Analisemos agora os diferentes sistemas de gravel. Responderemos depois a algumas questões comuns que irão ajudar-te a decidir qual o melhor sistema de gravel para ti e para a tua bicicleta.
Uma visão geral dos sistemas de gravel
Sistemas de gravel Shimano
A Shimano é um dos mais conhecidos fabricantes de componentes para ciclismo. A empresa japonesa é um nome bem conhecido a nível global e é sinónimo de desempenho, qualidade e fiabilidade.
O sistema específico para gravel da Shimano, o GRX, é uma das opções disponíveis mais popular. Difere da gama de sistemas de estrada Shimano para satisfazer diferentes relações de transmissão e características especificas do ciclismo gravel. Encontras opções GRX nas nossas bicicletas gravel Grizl e Grail.
Dentro do sistema GRX existem três opções:
- RX400: Esta especificação de entrada de gama é disponibilizada apenas na configuração de 10 velocidades. É equivalente ao Tiagra e é uma opção económica. Disponível com dois pratos (30-46T) à frente e 10 coroas (11-34) na cassete, oferece um total de 20 mudanças.
- RX600: Este sistema de gravel de gama média é equivalente ao sistema de estrada 105 da Shimano. Estão disponíveis configurações de prato único e duplo para proporcionar mudanças 1x11 ou 2x11. A configuração 2x vem com pratos 30-46T e uma cassete traseira 11-32 ou 11-34. A configuração 1x possui um prato 40T e vem com uma cassete 11-42 normalmente utilizada em bicicletas de montanha. Uma cassete de grande amplitude permite-te pedalar acima em terrenos mais íngremes e mais soltos.
- RX800: Equivalente ao Ultegra, o sistema mecânico de gravel topo de gama RX810 vem nas configurações 1x ou 2x. É feito de componentes mais leves do que o do RX600 e inclui características premium como travagem Servo Wave. O Servo Wave permite uma travagem não linear, o que significa que as pastilhas engatam imediatamente quando a manete do travão é puxada, mas em seguida a pressão é mais gradual. A versão eletrónica deste sistema, o RX815, é a especificação de topo da Shimano. Podes programar as manetes de mudanças em função das tuas preferências e o desviador autoajusta-se para prevenir o desgaste da corrente. Um pormenor bem pensado!
As nossas bicicletas todo-o-terreno, como a Endurace, estão equipadas com os famosos sistemas para estrada da Shimano.
Prós e contras dos sistemas de gravel Shimano
A Shimano fabrica componentes sólidos, sem sombra de dúvida. No entanto, existem limitações.
Prós
- Peças sobresselentes fáceis de encontrar
- Boas mudanças para condução todo-o-terreno
- Fiáveis e fáceis de manter
Contras
- Incompatível com cassetes maiores sem utilizar componentes de terceiros
- Opções limitadas de prato 1x
- As manetes podem ficar riscadas mais facilmente
Sistemas de gravel SRAM
SRAM é outro nome forte em componentes de bicicleta. Como parte de um conglomerado de marcas que inclui a Zipp (rodas) e a RockShox (suspensão), sabem uma ou duas coisas sobre como equipar a tua bicicleta com componentes de alto desempenho.
O sufixo XPLR nos sistemas SRAM indica o sistema específico para gravel. Relações de transmissão otimizadas e conjunto pedaleiro de um só prato irão melhorar a tua condução gravel. Vais encontrar XPLR nas nossas bicicletas de gravel, incluindo as desenhadas para bikepacking e competição gravel. Vejamos os detalhes.
Existem quatro opções de sistemas da SRAM:
- Apex: Nível básico, acessível e robusto. Embora esteja disponível numa configuração de 10 velocidades, esta opção não permite travões de disco. No entanto, o sistema 1x11 oferece-te a opção de travões de disco hidráulicos.
- Rival: Sendo o degrau seguinte na hierarquia, este sistema utiliza materiais ligeiramente mais avançados do que o Apex. A oferta específica para gravel tem relações amplas para a sua configuração de prato único.
- Force: Se procuras um sistema mecânico premium, o Force é a escolha certa. Os principais argumentos de venda da versão gravel são o seu prato único, materiais leves e desviador da embraiagem.
- Red: Se o orçamento não é uma preocupação, o SRAM Red é um sistema eletrónico de topo. Sendo o único sistema específico para gravel de 12 velocidades disponível no mercado, a experiência de mudanças é suave mesmo quando o teu terreno é tudo menos isso.
Diz adeus às mudanças mecânicas e aos cabos com eTap, os sistemas eletrónicos da SRAM. Rival, Force e Red estão disponíveis em variantes eTap.
Prós e contras dos sistemas de gravel SRAM
Prós
- Sem cabos nas versões eTap
- Sistema mais barato (Apex) entre os da Shimano, SRAM e Campagnolo
- Suporte para cassetes amplas
- Opção para mudanças de 12 velocidades
Contras
- Menos opções mecânicas
- Sem opções de prato duplo
Sistemas de gravel Campagnolo
Campagnolo é o mais recente competidor entre os Três Grandes a entrar no mundo do gravel. A empresa italiana tem uma reputação de elevada qualidade. Se és um aficionado de ciclismo com um gosto por componentes leves e maravilhosamente trabalhados, a Campagnolo poderá fazer parte da tua lista de desejos.
Ao contrário dos outros fabricantes, atualmente a Campagnolo oferece apenas um sistema de gravel: Ekar. É o primeiro sistema mecânico do mundo com 13 velocidades e é também o mais leve de todos os sistemas.
A Campagnolo manteve o design único das suas manetes ergonómicas e mudanças acionadas com o polegar. A forma curva das manetes torna fácil travar com segurança e rapidez quando necessário. Quando conduzes com os drops, vais sentir que controlas.
As bicicletas de gravel Canyon equipadas com Campagnolo vêm com um prato único 40T, embora possas trocá-lo por pratos de 38, 42 ou 44 dentes se mais tarde decidires que necessitas de mudanças mais leves ou mais pesadas. Estão disponíveis três opções de cassete: 9-36, 9-42 e 10-44. Instalámos a cassete 10-44 na nossa Grizl.
Prós e contras do sistema de gravel Campagnolo
Prós
- Configuração simples 1x13 com uma ampla gama de mudanças
- O sistema mais leve do mercado
- Conceção ergonómica da proteção de manete
Contras
- Preço elevado
- Sem opção de mudanças eletrónicas
- A adaptação às mudanças pode levar algum tempo se nunca tiveste uma Campy
Como escolher o sistema de gravel ideal
Agora que compreendes as diferentes opções que tens à tua disposição, como vais decidir qual é a melhor para ti?
Onde vais rolar?
Que tipo de terreno conduzes mais com a tua bicicleta? São estradas planas, rápidas e muito onduladas? É montanhoso e técnico? Isto irá ajudar-te a decidir que tipo de mudanças necessitas.
1x ou 2x para o teu sistema gravel?
1x e 2x referem-se ao número de pratos na bicicleta. Em sistemas de gravel, existem um ou dois pratos à frente. Se tiveres dois pratos, também terás um desviador dianteiro na bicicleta para alternar entre eles.
As mudanças de gravel fazem a ponte entre as de bicicleta de estrada e de bicicleta de montanha. As bicicletas de montanha possuem quase sempre mudanças 1x, enquanto as bicicletas de estrada raramente se encontram sem dois pratos. Existem cenários para ambos no mundo do gravel.
Escolher 1x ou 2x é apenas metade da história. As mudanças são, obviamente, compostas pelos pratos e pela cassete. Uma bicicleta todo-o-terreno terá provavelmente uma relação de mudanças mais dirigida para estrada, composta por dois pratos. Outras bicicletas de gravel podem rondar o território da bicicleta de montanha e as suas mudanças irão refletir isso.
A simplicidade de um sistema 1x é muito apelativa para muitos ciclistas. Quer estejas a competir tipo Unbound e não queiras correr o risco de uma avaria mecânica, ou estejas numa subida técnica e não tenhas a força mental para lidar com combinações entre os desviadores da frente e o traseiro, um único prato é uma boa solução.
Uma configuração 2x, por outro lado, disponibilizará mais opções quando tentares encontrar a mudança perfeita para o cenário em que te encontras. Pequenos incrementos nas coroas da cassete significam que podes afinar com precisão as mudanças para o ritmo de condução que precisas.
As mudanças de gravel são mais fáceis?
As mudanças de Gravel são mais fáceis do que as mudanças de uma bicicleta de estrada. A condução gravel muitas vezes sobrepõe-se com o bikepacking, o que significa que terás muito mais peso na tua bicicleta. Vais gostar de mudanças mais leves quando estiveres a carregar as tuas malas de bikepacking com tudo o que consta na tua lista para kit. Mesmo que não estejas a fazer um bikepacking durante a noite, poderás aperceber-te que levas mais água, comida e equipamento devido à natureza remota dos percursos gravel.
Subir em terreno solto significa frequentemente um desafio para a tração. Vais dar por ti em subida muito mais frequentemente sobre o selim para colocares mais peso e aderência sobre o pneu traseiro. Isto significa que não terás aquela potência explosiva que dispões quando estás fora do selim.
Mudanças mecânicas ou eletrónicas para bicicletas de gravel?
As mudanças mecânicas são uma experiência muito orgânica. Move a alavanca, puxa o cabo e troca de mudança. Funciona, e quando não o faz é (normalmente) facilmente reparável. No entanto, a invenção das mudanças eletrónicas veio alterar o jogo.
As mudanças eletrónicas enviam um sinal elétrico para o desviador, sem fios (SRAM eTap) ou através de um cabo (Shimano Di2). Não precisas de te preocupar com o desgaste dos cabos, uma vez que estes nunca estão sob stress. Em percursos de longa distância ou em condições particularmente frias, as mudanças eletrónicas impõem-se. Uma simples pressão de um botão em vez de uma luta com a manete pode fazer toda a diferença no teu conforto e satisfação.
As baterias em sistemas eletrónicos duram meses, e, no caso do SRAM eTap, podes até levar contigo algumas sobresselentes.
A desvantagem é o preço, claro. Os sistemas de gravel eletrónicos são mais caros, tanto no momento da compra como para as peças de substituição. O desviador continua a poder avariar-se e substituí-lo será mais caro do que o seu equivalente mecânico. Por este motivo, podes querer optar por mudanças mecânicas e assim evitar preocupares-te com a conta no final de um percurso particularmente desafortunado.
Qual o veredito?
Não existe uma respostas certa ou errada no que se refere à escolha do sistema de gravel ideal. Se tiveres experiência com uma marca específica, podes querer manter-te fiel à mesma pela facilidade e familiaridade.
Descobre o teu orçamento e características não negociáveis, e o resto virá atrás. Se competes regularmente ou pretendes competir, então procura uma cassete com uma ampla gama de mudanças para manter a velocidade e peças prontamente disponíveis para reparação.
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